sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Todos que vivem ainda
Essa vida tão linda
Sentem o mesmo perfume
Da cidade tão grande
E colorido se expande
O humano estrume

Todo mundo aqui sente
Que a terra deprimente
Não deve ser sentida
E pr'as avenidas eles vão
Todos eles, em vão
Continuando a linda vida

Lotam os supermercados
Super amargurados
E disso não se fala
Compra-se a gasolina
Toma-se a anfetamina
Mas o remédio é a bala

Todo mundo e ninguém
Carro, ônibus, trem
Tijolo à prazo e à vista
Dançando a porca dança
Nesse chiqueiro de criança
Que parece a única pista

Toda essa multidão
Caminha sem tesão
No chão da cidade magra
É com ódio que se encaram
Não se atraem, não se falam
E pra isso não há viagra

Toda a gente quer comer
E solução pra esquecer
O perfume dessa vida
Toda a gente tem sede
E se esconde na parede
Da falta de comida

E bebida também falta
A taxa é muito alta
E a embriaguez é passageira
Todos querem, de coração,
Apesar de fingir que não,
A vassoura dessa sujeira


Diorgi Giacomolli, Agosto de 2011.