quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Este poema não tem título, e nem eu. Este poema é em branco, tal como o álbum em que ele se encontra. A poesia está dando um tempo, os versos serão proseados agora, e seja lá o que Eu quiser. Pois que, na criação poética não há divindades, entidades, ou qualquer outro símbolo de enfermidade, exceto por Blake e afins. Não vou dar uma de metido a conhecedor super-entendido dos poetas todos que já morreram, que isso é uma fajutice sem tamanho, desprezo intelectualismos, exceto os que crio na região acima do pescoço (é ali mesmo?), e que não são intelectualismos. Nem sequer lembro de cor de qualquer frase que tenha lido de qualquer um destes infelizes. Lembro de quase todas as músicas do Doors, e é só o que tenho a dizer no momento, e no momento estou ouvindo Oasis. Não fez sentido nenhum, não é mesmo? Então leia o poema abaixo e verás o que realmente isso significa.


Tem gente que escreve frases e põe pontos
duvidosos no fim delas,
eu sempre estranho isso,
e agora mesmo eu gostaria de pôr um ponto final
neste galo que grita no escuro em algum lugar
da madrugada, parece meio desesperado
acaba de passar da meia-noite,
e eu estou meio-depressivo

Deixar lugares já me pareceu coisa de aventureiro,
hoje significa tortura pra mim,
despedir-me de alguém que amo me deixa sem solução,
daí me calo e acredito na vida,
na doce aventura que é estar seguro de que se
está sujeito a tudo

E não sei por quê,
mas me lembrei do capitalismo agora,
e mesmo sem conseguir dormir com todo esse sono,
nem me dá vontade de acordar amanhã,
que de lá hoje, que está mais perto...
Mais certo seria que de uma vez chegasse
o meu quadragésimo dia no deserto,
mas já perdi as contas de quantas noites passaram,
vou ter que começar de novo

Saudade não passou, nem passará,
nem passarinho;
Nem quando estiver nas Quintanas dos infernos,
creio que a saudade não há de passar do meu caminho.
Nem perto de isso ser falta de fé,
quisera aprender a aceitar a vida como ela é,
mas prefiro a vida como ela poderia ser


Diorgi Giacomolli, 20 de Julho de 2010.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Eu Quero Ir Pra Casa

O Álbum em Branco está para ficar pronto, ou melhor, sempre esteve, afinal, é em branco, e quem lê-lo (coisa que, acredito, não acontecerá a ninguém) poderá constatar a justiça de seu nome. Parece vazio... E abandonado, como esta cidade em que, vazio, me encontro, e onde não me podes encontrar, se acaso aqui vieres, pois ela estará vazia.


Mato filhos do adeus
buscando nos teus olhos
qualquer sinal dos meus.

Penso que de ti sairia uma horrível criatura,
de uma horrenda vida,
para um mundo que, pasmem,
mais horripilante então ficaria.

Eu me sento na tarde
para picar a vida, como se fizesse salada,
ou fumasse um cigarro,
então vem a hora, lenta e sufocante,
e delirante e calma,
e na alma o diamante da poesia,
como uma mão, e não a palma...

Ainda mando pro inverno
todos vocês
que me causaram algum sentimentalismo,
ou sugaram qualquer litro de meu sangue.

Essa cidade não tem nada.
Essa cidade só tem eu. Eu e os velhos.
Algumas crianças. Essa cidade está só.
E não tem nada.


Diorgi Giacomolli, 24 de Maio de 2010. *

domingo, 30 de maio de 2010

Bode Espirratório

Refletindo sobre essa gripe na qual não creio muito, cheguei à conclusão de que, na verdade, não refletia sobre a gripe, mas sobre a cadeira onde me sento. Mas não era esse o uso que eu ia aplicar à conjunção "sobre". Nem era de cadeiras que ia falar. Hmmm.. Deixe-me ver... Ah, sim!! A reflexão. Pois bem, estava eu aqui a refletir, não no espelho, e sim sobre o tumulto que consegue a mídia causar com as suas insistentes e diárias manchetes sobre um mesmo assunto. Não divaguemos sobre as razões dos humaninhos em fazê-lo, pois não existem razões, mas UMA razão, o dinheiro, então vamos direto ao tonto, digo, ao ponto: o poema que segue é sobre alguma coisa que vocês, se aqui no blog agora estiverem, estão prestes a ler.


ou seria porco?
ou seria pouco
dizer que estamos todos loucos?

recém era ontem,
agora já é hoje
não sei como as pessoas lêem tanto
e não esquecem
não sei como os repórteres não enlouquecem

recém era ontem
eu lia o jornal
agora já é hoje
eu estou aqui tentando entender
as coisas do mundo real

vou pro quarto, me encerro
e, de tanto que viajo em minha mente,
quase me desterro
como posso ter tanto na cabeça
e não entender o que é "testa-de-ferro"?

falaram que o porco ficou doente,
e que ele espirra e pega na gente...
será que já estou no sanatório?
não, não pode...
e, por mais que eu rode,
não entendo o que é "bode expiatório"!

me diz, como que alguém como eu,
nesse mundo plebeu,
se arranja?
me chamaram de "laranja",
e eu fui pra casa, em assobio,
mas estava enganado,
descobri que estava sendo usado,
mas não entendi o uso da palavra,
me pareceu ilógico,
ora, sou mesmo um retórico
casulo sem larva...

então o bode começa a espirrar,
ué, mas não é o porco mais?
ah, deixa, tanto faz,
o negócio é não esquentar
o que é um resfriado
no país tropical, do carnaval e do feriado?

o que é sanidade no país do senado?
o que é decepção
nesse mundo indecente e ladrão?
o que é o meu mundo, senão um vulto
nesse planeta tão perfeito e adulto,
senão um rato em rota de colisão?
e de quê me vale ser irônico,
se sou lento para esse mundo supersônico...
vou sentar e esperar o verão.


Diorgi Giacomolli, 10 de Julho de 2009.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

A Vida Feita de Papel

pega um isqueiro
e acende ligeiro
na minha vida de papel

ou então amassa
essa minha vida escassa
e atire-a contra o céu

pois que sou um rascunho
e já não tenho punho
pra rabiscar nesse livro

vivo a imaginar, a escrever
a pincelar e enlouquecer
e nem sequer me sinto vivo

e, ao contrário do seu Déscartes,
vou pensar logo em você,
ou seja: eu não desisto

mas é que já estou pra morrer,
pois que estar sempre a viver
é demais pra mim, que não existo

vamos, pega essas velas
e põe fogo nas amarelas
páginas da minha vida

ou arranca da prateleira
e atira na fogueira
esse livro de capa encardida

que é a minha vida, úmida,
russa, rubra, rústica,
barata e impagável

ou esconde na tua túnica,
essa minha vida, a única:
cara e descartável.


Diorgi Giacomolli, 25 de Junho de 2009.

terça-feira, 27 de abril de 2010

em minha juventude
eu tinha oitenta anos
gozava de muita saúde
e de pensamentos insanos


Diorgi Giacomolli, algum dia de Julho de 2009.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Tudo o que te foi sorrido,
ou empurrado,
Tudo o que te foi negado,
ou sentido,
Tu hás de querer afogar, ver ruir...

Tudo o que te foi cansado,
ou extraído,
Tudo o que te foi engolido,
ou beijado,
Tu hás de querer reduzir, fazer transbordar...

Todo o passado que te foi,
todos que te negaram oi...
Todo o vigor que te era,
todos que te fizeram fera...

Toda a alegria que te fora,
todos os risos de outrora...
Toda a saudade que te seria,
que tu até guardaria...


Diorgi Giacomolli, 12 de Março de 2010.

terça-feira, 30 de março de 2010

Nova fase: a dos poemas sem nome! Pois é, eu andava lendo Fernando Pessoa estes tempos, e achei tão interessante as publicações feitas em páginas diferentes, quero dizer, alguns poemas não possuíam título, apenas um espaço em branco na folha nova, onde seria o nome da obra, e então o poema começava. Legal! E agora, como faz tempo que não posto nada, vou começar com um poema que fiz no início do ano, que queria mais ou menos dizer o seguinte: chega de velhas feridas, agora é dois mil e dez, novos tempos, nota dez, tudo dez!!! Bem,talvez não seja bem isso que o poema tenha acabado dizendo...


Onda positiva agora mesmo e aqui.

Havia um pessimismo,
e agora um abismo:
minha solidariedade perfeita
é um completo egoísmo.

Que falta de pessoa nessas pessoas!
Eu ando sobre a vida;
eles não conseguem viver.

Entre o que existe
e o que há de ser sempre dito,
há um de meus palpites,
talvez meu último grito:
peguem desse céu aflito
o azul do mundo bonito,
e nada mais.

Pode ser que então tenham paz.


Diorgi Giacomolli, 25 de Janeiro de 2010.