Com a impressão que salto por cima dos outros a cada movimento meu,
nunca estou na frente, nunca alcanço promoção.
E nem que eu fosse o peão.
Chego lá no final e não sou coroado,
e alguém do meu lado diz que não era o final,
e eu, o peão,
não tenho mais como seguir em frente, nem como voltar...
Nessa hora nem um cavalo,
como o que eu também sou,
pode me ajudar...
Vou ao chão, a pedir perdão,
como um rei derrubado,
e esse tabuleiro de mundo me vem sempre com um maldito bispo
pra quem eu tenho que me humilhar,
eu,
que bispo incontáveis vezes sou eu próprio,
me atravessando em diagonal enquanto todos andam certo.
Às vezes eu queria ser rei apenas para rocar
e dormir,
deixar um pouco de existir,
protegido atrás da torre,
esta que tantas vezes eu sou também,
andando reto enquanto todos parecem ser bispo.
Mas de que me adianta ser rei?
Se ao meu lado terei a rainha,
esta que sempre vai mais longe do que todos,
e quando não se perde não volta...
Ser rei significa ser o único que pode sofrer o xeque-mate.