terça-feira, 13 de março de 2012

Hoje.
Dias em que não suporto um sorriso.
Me agrada ver um mendigo vomitando e comendo de volta,
ou qualquer coisa que me anoje.

Ontem.
Roubaram-me a poesia,
fugiram com minha raiva e alegria,
mas estes ladrões não somem.

Amanhã.
Passo como se não passasse,
e que braço nenhum me abrace:
corpo em vão, mente vã.

Se o cego quer ajuda,
troco de calçada.
Também preciso atravessar algo,
mas ninguém me dá a mão pra nada.

Não tenho inveja, broto de arruda,
ou qualquer emoção desregrada.
Não planejo amor, não planto flor,
tampouco rego as já plantadas.

Semana que vem.
Que não venha, pois eu não vou também.
Passear é bom, mas é sozinho que gosto do trem.
Não sei mais te sentir,
e tu não fazeres sentido faz-me bem.

Semana passada.
Ou muito me engano,
ou interfonastes calada.
Ou eu estava sonhando,
ou tu estavas enganada.
Seja qual fosse o plano,
era a porta da pessoa errada.

Esta semana.
Vivo meu egoísmo com uma volúpia samaritana.
Se tem mais gente com fome,
eu escondo o cacho de banana.
Se tu chamares meu nome,
eu te direi que tu te engana.



Diorgi Giacomolli, Março de 2012.