quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Esse poema já foi postado no Facebook [http://www.facebook.com/profile.php?id=100000956174941] mês passado, e como tenho corrido mais que as pernas, não arranjei tempo para passá-lo para cá antes. OK, eu confesso que também não me havia lembrado. Esta pequena obra - "dramática demais", alguns diriam - foi concebida à beira de Puerto Madero, em Buenos Aires, no dia em que minha viagem acabava e eu estava a poucas horas de embarcar de volta pra casa. Em meio a letras caindo em um bloco de notas do celular e alguma água que não sei de que olhos saíam, eis:


É das catástrofes de mim que tiro todos de dentro,
os deixo, corro selvagem, fujo e nunca me afasto,
é dos trovões de mim que não posso evitar a briga,
é da pressa que agora invento a insônia...

É de um amanhecer no exterior que extraio
a minha falta de paz interior,
depois de passar pelas bebedeiras
que largam o silêncio para trás,
vejo que não tinha propósito mesmo,
e tudo o que quero é voltar e mais voltar,
e dizer que gosto mesmo de ser eu, do normal,
e que também preciso de amor,
ah, um amor, sim, eu também sou normal
e quero me acalmar...

Agora vem esse choro tão forte,
tão sem jeito, mas não tenho vergonha,
é exterior, eu nem estou completamente destruído,
e nem é tão tarde pra que eu já tenha perdido
tudo o que eu mais queria...

Eu me atrevi, então abusei, arrisquei tudo,
depois, em cima das pedras,
que os rostos todos eram dessinceros,
e eu só queria tirar o melhor,
fugindo um pouco do que é tão costumeiro,
mas eis que agora tudo me vem,
e era tudo mentira, sim,
eu também tenho sono, amigos,
mas não quer dizer,... nunca quer dizer...

É das barbáries de mim que me escondo,
saio rumo afora catando memórias adentro,
fazendo com os outros o que o livro faz
com quem os está lendo,
mas é dos cárceres de mim que me arrependo,
é por eles que me arrebento e afloro o mau humor...

É dos encarcerados em mim que quero me ver livre.

É dos escassos amores em mim que quero me livrar,
é o escarcéu abandonado de meu céu desamado
que preciso acabar...
Eu também sou jovem, estou desabado e preciso re-amar...


Diorgi Giacomolli, Janeiro de 2012.

Um comentário:

  1. "Tenha cuidado de ti mesmo" (1ª Timóteo 4:16).

    http://apoesiaestamorrendo.blogspot.com.br/

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