segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Soneto Abortado

Outra do, até então, mais inspirado livro de poemas que escrevei - O Poeta Morreu, este soneto sem métrica, como são todos os meus sonetos, nasceu de um útero gélido: um falecido amor deu à luz esta obra, um destes amores que a gente mata na mudez e depois nega a existência do próprio, mentindo homericamente bem para nós mesmos que tal sentimento nunca nascera, a ponto de acreditarmos em tal calúnia que, se verdadeira fosse, abençoada seria. Mas eu não me engano: tal amor nascera, sim. Mas nascera já defunto. E - curioso! - agonizando, coisa que faz até hoje.


O amor é um útero frio
E a gente sempre nasce morto
Depois vive com o mal do pé torto
Tendo que andar no meio-fio

O amor é um útero sombrio
E a gente sempre sai de aborto
E vaga como naus longe do porto
Nadando como peixes sem rio

Por duas vezes tive o grande momento
De chorar nessa minha vida,
Uma por fora, outra por dentro...

Uma na entrada, outra na saída:
Ao sair do ventre de minha mãe querida,
E ao escapar de um amor agourento.


Diorgi Giacomolli, 19 de Abril de 2009.

3 comentários:

  1. Aguardo o dia em que lerei um poema seu...
    e que neste você exprima a vida...
    Sinceramente achei esse poema extremamente gélido...
    E creio que é assim que te sentias no momento em que o escrevestes...
    Quem sabe se sente assim até o agora...
    Di... Aguardo de você um poema quente e colorido!
    Pois eu sei aqui aí dentro existe uma vontade de viver...
    Com carinho ta grand amie Simone!

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  2. Oi Diordi, li seu soneto, gostei por ser forte e profundo, apesar de também ser um tanto angustiante. Apos ter lido, lembrei que nas minhas coisas eu tinha um poema que gosto muito, e que para mim também é forte, mas de um jeito um pouco diferente.
    Espero que goste.
    Abraço, Tatiana Mendes.

    SORRIR NOVAMENTE
    Das cinzas se vestiu o dia
    A noite mais escura ficou
    No céu da vida a tempestade
    Com seus raios clareou
    Mas nada poderia clarear
    Aquele dia que atras ficou
    Mas o tempo foi passando
    Um novo céu se formou
    E não havia mais cor cinza
    Somente o sol iluminador
    Das profundezas da solidão
    O cavalheiro viu seu brilho
    E conseguiu novamente ver
    Que alem do horizonte pode
    Ainda haver a esperança
    De sorrir de novo...
    (Angela lugo)

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  3. gostei, e até acho que sei...
    mas ainda bem não amo e nunca amei ninguém!

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