domingo, 27 de dezembro de 2009

Poema de Natal

Feito há um ano, este poema contraria a maioria de minhas obras, no sentido de que elas tendem a não fazer mais parte daquilo que realmente penso com o passar do tempo. Este Poema de Natal traduz, na verdade, o sentimento que tenho toda véspera da chegada do papai noel, que não existe, mas se existisse, existiria também a dúvida real se ele não se enganara ao vir ao Brasil em dezembro com toda aquela roupa exagerada.


Estes tubarões
De dentes e corações
Nadam em meu leito
Vivem em meu lugar
Disfarçam o que eu não sinto

Um mundo retardado
Multidões e um só fardo
Ó, meu deus, como é grande
O meu Deus que me esmaga
Que me mastiga e não me cospe

Vou construindo meu ódio
Como um castelo de mágoas
Como um mar sem águas
E vou subindo em meu pódio
E já vou sendo campeão
Ergo a taça do champanhe
Na minha vida de comemoração
E brindo a todos vocês
Engulo as pedras que me atiram
Mastigo os sapos que me atropelam
Janto meu delicioso estômago
No meu ulceroso natal defumado
Sozinho e cada vez mais solitário
No fim deste ano que já começou acabado

E brindo a todos vocês
Lindos e especiais
Gentes maravilhosas que amo
Com todo o meu amor
Aquele que não restou
Das minhas desventuras espaciais
Sacudo meu champanhe mais uma vez
A rolha estoura com força
E faz naufragar o meu navio
Que há tempos não vê um cais
E dou um urro de vivas
E de boas festas, de felicidade
E penduro mais uma medalha
Na minha estante, onde guardo
Minha gloriosa coleção de natais.


Diorgi Giacomolli, 23 de Dezembro de 2008.

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