quinta-feira, 20 de maio de 2010

A Vida Feita de Papel

pega um isqueiro
e acende ligeiro
na minha vida de papel

ou então amassa
essa minha vida escassa
e atire-a contra o céu

pois que sou um rascunho
e já não tenho punho
pra rabiscar nesse livro

vivo a imaginar, a escrever
a pincelar e enlouquecer
e nem sequer me sinto vivo

e, ao contrário do seu Déscartes,
vou pensar logo em você,
ou seja: eu não desisto

mas é que já estou pra morrer,
pois que estar sempre a viver
é demais pra mim, que não existo

vamos, pega essas velas
e põe fogo nas amarelas
páginas da minha vida

ou arranca da prateleira
e atira na fogueira
esse livro de capa encardida

que é a minha vida, úmida,
russa, rubra, rústica,
barata e impagável

ou esconde na tua túnica,
essa minha vida, a única:
cara e descartável.


Diorgi Giacomolli, 25 de Junho de 2009.

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