Dizem que há uma manhã em que todos nos acordaremos com fome e não vamos comer nada, apenas ficaremos a escutar o som dos pássaros lá fora, sem nada pra dizer, apenas cantando o que a natureza irracionalmente os mandou cantar, alguns até diriam que é para embelezar o dia, mas esta manhã estará nublada. Dizem que haveremos de, todos nós, contemplar os dessegredos deste ex-mundo de deus, de reclamar para um ex-deus do mundo qualquer de nossas misérias, e ouvir em retorno a resposta irretorquível de que não somos miseráveis coisa nenhuma, e então nos sentiremos contentíssimos demais para voltar pra casa, e nos sentaremos na estrada mesmo, bem ali, onde nos foram dadas as respostas, e... Perdão? Ah! O poema... Sim, sim... Está logo abaixo. Divirta-se!
Já percebo o quanto sou solitário
Minhas maneiras de viver passeando por aí
Meus rumos se amontoando no assoalho
Já passei por tantas fadigas engraçadas
Já perdi o brilho de todas as caras
Agora presto tanta atenção nas gentes
Quanto o chão presta na escada
Sei que é normal
Sei que ser louco é trivial
Ninguém é louco de verdade
Sou um manancial
De mágoas, sou a eternidade
Que cabe nos fundos da tua casa
Eu tentei ver no espelho dos corações
E alcancei os olhos de ninguém
Afugentei a cabeça das canções
Mas das lembranças tuas não escapei
Vi muitas almas virando outras tantas
Quase todas sorriam pra mim
Mas agora é aniversário de amanhã
Vou ver o que faço com meu jardim
Diorgi Giacomolli, 17 de Março de 2009.