sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Balada da Infância Perdida

Até agora não havia postado aqui nenhum poema de Sociofobia, meu segundo livro. Esta balada que aqui se encontra não tem muito a ver com o título do livro, que este só ganhou tal nome por causa do poema de abertura do mesmo. Agora, dizer que Balada da Infância Perdida não tem a ver com o título do livro é um equívoco - quem foi que se atreveu a tal disparate? Bem, deixa pra lá, peguemos o criminoso depois. Esta obra exemplifica, sim, os problemas sociais que vinha enfrentando o seu autor na época em que a produziu: no momento em que negas tua infância, é um momento em que te encontras em um não-presente.


Se alguma vez fostes criança
Criança nunca fostes em vida
Tudo o que tens são lembranças
De coisas supostamente vividas

Foram, talvez, sonhos confusos
Imagens pelo tempo ressequidas
Memórias que, quando no túmulo,
Serão eternamente esquecidas

Então terás novos sonhos
Em uma vida chamada morte
Talvez pesadelos medonhos
Talvez não dormirás, com sorte

Dançarás então a morta dança
A balada da infância perdida
E se em morte vives, esperança
É o que tens por enrustida

Mas dessa morte virão novas vidas
E destas, ainda, outras crianças
Certamente de existência fingida
De um fingimento que nunca cansa


Diorgi Giacomolli, 16 de Março de 2008.

2 comentários:

  1. gostei... traduz um pouco de como lembramos da nossa infância recente.. com imagens distorcidas...
    AMEI, eu pediria mais uma estrofe.... ou então eu pediria um poema inacabado...
    abrs

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  2. Muito triste! Até me veio lágrimas aos olhos!A infância é sempre um perúiodo de dores, de conhecimento,de reconhecimento , de advertências ...é quando a gente descobre as verdades mais cruéis, que não existe coelhinho da páscoa, nem papai noel...

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