quinta-feira, 16 de julho de 2009

A Invasão dos Tempos

Ao compôr esta obra, investida que me custou pouco mais de quinze minutos, muitos pensamentos me rondavam a cabeça, como moscas rondando carne pútrida. Era uma tarde friolenta em Canoas, eu estava na faculdade, tinha ido até lá para entregar um trabalho, a última atividade do semestre, e estava bem feliz por isso. Lembro que no dia eu andava na metade da leitura de Eugênia Grandet, e é interessante como o Balzac já falava coisas como "hoje em dia, o dinheiro é o único deus no qual as pessoas realmente têm fé", e isso em 1833. Bem, no fim das contas, nada disso tem a ver com o poema.


nós vivemos a invasão dos tempos
interferências tecnológicas no jeito de amar
nós tememos o que vem com os ventos
e que venham a pôr preço no ar

no metrô é cada um por si
e cada si contra o mundo inteiro
ora, não entendi,
diria o mosqueteiro

não sorria pra mim!
não me olhe assim!
você nem me conhece,
por que estás sendo gentil?
é cada um que me aparece!
o que vai ser do brasil?

ora, não seja tão político,
você pode simplesmente dizer que não vai...
mas eu vivo na polis, como não ser cínico?
êta cambada de filho sem pai!

amei a solidão
mas ela evoluiu
agora é vazio
chame involução
se preferir
se lhe servir
o chapéu
eu vou vestir
o céu

estas nossas tempestades vividas
estas nossas datas queridas
uma situação chamada problemas
imutável geração após geração
mudam os algarismos, os teoremas,
permanece a mesma equação

esta nulidade de afazers
estes amanheceres, estas cidades
estas derrubadas
estas quedas de avião
crianças enlatadas
para ter educação

não sei se procuro um amor
ou se protesto contra o senador
tanto faz, pode ser morena, ruiva, loira,
apenas uma que me ame e que me mereça
ah, quer saber? esqueça!
vou protestar contra a governadora

não sei se peço um impeachment
ou se vou pro video game jogar hitman
ou se vou pros eua de uma vez
é dose agüentar esse portuglês
diabo de estrangeirismo!
o que é isso, crise de identidade?
falta de otimismo?
complexo de inferioridade?

não sei se ser brasileiro é pessimismo,
ou se ser humano é fatalidade


Diorgi Giacomolli, 16 de Julho de 2009.

2 comentários:

  1. Simplismente, para mim, esse é o melhor poema que tu já fizestes!

    10... como tu és!
    bjs

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  2. bah cara, mto bom!
    Parabéns!

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