quarta-feira, 15 de julho de 2009

O Poeta Morreu

Fiz este poema em março deste ano, para ser mais exato, no dia 14. A ideia que o concebeu é muito simples: a poesia em mim estava para ter o seu termo. Escrevo poemas desde os 18 anos de idade, mas, de certa forma, com a proximidade do fim do ano de 2008, comecei a sentir que não devia mais lidar com poesia, e sim, partir para a prosa de uma vez por todas. Digo assim pois sempre me aventurei pelos campos da prosa, ainda que sempre brevemente, com pequenos excertos de ensaios, mas nunca os levara adiante. Então, ao cabo dos dois meses finais do ano passado, sentindo que minha musa inspiradora de versos estava distante o suficiente, cheguei a pensar que O Poeta Morreu - título homônimo desta obra que lhes apresento agora - seria meu quinto e último livro de poemas. Mas me enganei. (Depois dele veio outro, e já estou no meio do sétimo.) E o fato de ter batizado este blog com tal nome é um reflexo da minha constante sensação diária de que estou a escrever o último poema...



O poeta morreu e não sabia mais o que fazer.
Escrevia, escrevia...
Mas aquilo não parecia escrever.
O poeta não sabia mais quem ser...
O poeta não entendia como isso podia acontecer,
Isso de se ter uma sangria
E não mais rejuvenescer...
O poeta pensou que enlouquecia...
Mas viu que o que sentia
Era pior do que enlouquecer:
Era a mais pura agonia!
Eram saudades de alegrias
Que ele não podia mais ter...
O poeta só queria viver!
Mas morreu, e foi de morte tardia:
Ele pensou que vivia, que existia,
Mas não sabia existir nem viver...
Ele pensou que amava, que sentia
Amor algum, mas viu que não havia,
Que só o que lhe cabia era esquecer...
E morreu. (Tinha que morrer.)
E que morte tão sadia!
Pra quem não vivia,
Foi uma morte de inveja se ter.


Diorgi Giacomolli, 14 de Março de 2009.

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